Fátima Vilanova é Doutora em Sociologia

Artigo – Retórica de Lula

Falar é com o Lula, mesmo. Se for para discursar no palco do mundo, ele se supera, não tem para ninguém. Ele posa de defensor da paz entre ucranianos e russos, se apresenta como mediador, mas pisa na bola ao apoiar os invasores russos e culpar os EUA e Europa pela continuidade da guerra. Lula chegou a garantir que Putin não seria preso por crime de guerra, como determina o Tribunal Penal Internacional, do qual o Brasil é signatário, se ele viesse ao Brasil em 2024, para a reunião do G20. Lula voltou atrás na afirmação infeliz, mas contrariado, prometeu rever a participação do Brasil no Tribunal. Ele esquece-se de que o PT já recorreu ao Tribunal para apresentar denúncias contra Bolsonaro. 

Lula ficou empolgado na 15ª Cúpula de Chefes de Estado dos Brics, que aconteceu em Joanesburgo, capital sul-africana, no período de 22 a 24 de agosto de 2023. O grupo formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul discutiu a entrada de novos países e o estabelecimento de moeda comum para suas transações, desatrelada do dólar. O evento ensejou falas otimistas de Lula de que o Banco dos Brics, com a adesão de novos participantes, que poderá reunir 29,7% do PIB global, com reflexos importantes sobre a configuração geopolítica mundial.  

Os integrantes atuais dos Brics, segundo dados de 2022 do Banco Mundial, representam 25,5% da atividade econômica mundial, o que não é pouca coisa. O que se questiona nas falas de Lula é que ele esquece-se de um fato, que dinheiro é dinheiro, e que os investimentos precisam atender aos ditames objetivos da racionalidade econômica, os quais são difíceis de serem articulados, em face de economias tão díspares quanto ao equilíbrio fiscal e transparência dos governos.

 Lula gerou muita notícia, pela ousadia, pela retórica, agora é enfrentar os desafios práticos para a consolidação dos Brics, ultrapassando os apelos políticos da iniciativa. O que fica claro é que, mais uma vez, o objetivo de Lula é enfrentar o imperialismo americano e seus aliados. Lula ignora que continuará apoiando o imperialismo, no caso, o chinês e russo, e seus aliados. Cabe perguntar: Isto é bom para quem?

O Brasil volta a ser notícia com a abertura da cúpula do G77 + China, em Havana, com Lula cobrando dos EUA o fim do embargo a Cuba. Reivindicação mais que justa, e pela qual todos devemos lutar, todavia, Lula segue na sua cruzada ideológica de enfrentamento dos EUA. Ele não proferiu nenhuma palavra de condenação ao regime na ilha, que persegue opositores, prende manifestantes inconformados com a miséria generalizada, sem direto a defesa, e ainda por cima, impede a saída dos descontes do país. Muita retórica e nenhum compromisso com a democracia para além do Brasil. A simpatia de Lula por governos autoritários é patente. Isto é a democracia relativa que ele defende. Péssimo para o Brasil.

Fátima Vilanova é doutora em Sociologia

Nicolau Araújo

Nicolau Araújo

Nicolau Araújo é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido.

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