Utilizar o privilégio da reserva de vaga para favorecer uma categoria étnica, social ou ideológica, é uma atitude discriminatória e juridicamente inconstitucional.
A universidade não é feita de brancos, pardos, negros e lgbts+. Nem de fascistas e comunistas. A universidade é feita de profissionais e homens de ciência e cultura selecionados, sim, SELECIONADOS, segundo critérios de competência.
A universidade não segue qualquer ideologia política, cabe-lhe ampliar e expandir o conhecimento e as habilidades e pô-los ao serviço da sociedade.
O talento, a inteligência e a competência estão associados estreitamente ao esforço de cada um e à sua vocação e aos seus anseios, socialmente aceitos.
Ao Estado cabe ampliar as oportunidades sociais e educativas com a adoção de políticas dirigidas para a expansão do sistema escolar e a definição de prioridades para a formação das crianças e jovens e a sua preparação para o trabalho e para o ingresso na universidade.
Os critérios de seleção para ingresso na universidade não devem ser facilitados para a absorção de todos. As exigências de seleção devem repousar no mérito dos que a procuram.
Ademais, os países não se desenvolvem, nem alcançam os patamares civilizatórios que os tornam ricos e poderosos, socialmente justos na distribuição da riqueza produzida, com bacharéis e formuladores de utopias vencidas e sem capital de inteligência comprovado.
Foi assim que as universidades tornaram-se peças essenciais de desenvolvimento nos países centrais, ao contrário dos países periféricos, dominados pelo apelo de ideologias vencidas e de novas distopias persistentes.
Nos países de formação liberal ou nas sociedades socialistas, a universidade é vista e enxergada como centros de competência e mérito. Nas nações crescidas à sombra do populismo saído de velhas oligarquias, como o Brasil, a universidade é a marca mais visível, no ideário coletivo, de ascensão social compensatória, pouco importa o que ensine e cultive entre seus muros…
É isso que precisa ser mudado. Precisamos de universidades e não de clubes de discussão ou de partidos que ainda não se puseram de acordo sobre o que reformar.
Paulo Elpídio de Menezes Neto é cientista político, professor, escritor e ex-reitor da UFC