Artigo – Sobre o desatino de tentar apagar memórias

Alguém sabe quem foi José Geraldo da Cruz? E Padre Cícero?

Conto-lhes um fato a que fui remetido por força dessas idiotices praticadas por quem, circunstancialmente no poder, intenta  desconstruir memórias para reler a história de forma enviesada.

Depois da Revolução de 30, liderada por Getúlio Vargas, que depois descambou para a ditadura estadonovista, foi designado interventor em Juazeiro do Norte o comerciante José Geraldo da Cruz. Cumprindo decreto governamental, de 9/9/1932, o preposto do interventor Fernandes Távora comunica ao fundador, primeiro prefeito e prefeito em vários mandatos, alem de benfeitor do município, Padre Cícero, que seu retrato aposto em sala de honra da prefeitura seria retirado. Meu Padim escreve a José Geraldo da Cruz, seu afilhado, no dia 27 de setembro de  1932, em cuja missiva acusa o comunicado da determinação prefeitoral, observando que o retrato foi um oferecimento dele, Padre Cícero, como “uma lembrança da criação do nosso município, à qual,  acredito, A HISTÓRIA NÃO PODERÁ OBSCURECER O CONTINGENTE DE MINHA CONTRIBUIÇÃO…” Grifei.

A história não apenas tem iluminado cada vez mais o nome de Meu Padim ao longo dos 90 anos passados desde a retirada de sua foto da prefeitura, como na mesma proporção tem obscurecido os seus perseguidores, os quais somente são lembrados quando em relação ao nome do Taumaturgo que caminha para a glória dos altares.

Mais uma historinha que deve ser lida por esses idiotas que intentam apagar memórias.

Alguém sabe quem foi Lotário (não confundir com otário), Conde de Segni? E São Francisco de Assis, alguém conhece?

Vamos lá!

Lotário, Conde de Segni, nascido em 1160, é  considerado um dos mais sábios e poderosos Papas da História da Igreja  Católica. Sob o nome de Inocêncio III foi timoneiro da  Barca de Pedro nos anos de 1198 a 1216. Foi escolhido Papa com apenas 38 anos de idade. Apesar de haver reconhecido, em 1210, a Ordem fundada por Francisco de Assis, em um primeiro momento, o homem mais poderoso da época,  que “fazia tremer todos os tronos da Europa”, que coroava e destronava reis, esnobou o “poverello” de Assis, negando-se   receber aquele “louco”, que na verdade era um santo.

O padre Rômulo Cândido de Souza escreve: “Pergunte, meu Quixote, para qualquer passante na rua, quem foi Inocêncio III e quem foi Francisco de Assis. Saberão responder quem foi Francisco de Assis, mas nunca ouviram falar do maior homem do século XIII. E será que sabem do seu paradeiro? Dante Alighieri sabia. O poeta viu o Papa no Inferno, completamente nu, apenas com a tira na cabeça.”

Caro governador Elmano de Freitas “et alii”,  cuidado para não terminar de fato igual ao Papa Inocêncio III imaginado pelo gênio do autor da Divina Comédia.

Barros Alves é jornalista, poeta e assessor parlamentar

Nicolau Araújo

Nicolau Araújo

Nicolau Araújo é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido.

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