Macron faz Lula chorar

Engana-se quem acreditou que aquele choro teatral de Lula foi por causa da origem da Marina, que veio da floresta do Acre, para se eleger em São Paulo. O desempenho do ator canastrão, que imaginava engabelar a plateia com a falsidade que lhe é peculiar, tinha outro motivo. Pegou um fora do Macron depois do breve período de namoro, no leito do Mercosul.

A performance de Lula chamou a atenção da Climate Action Network que lhe concedeu o desonroso prêmio de Fóssil do Dia. O Brasil foi a COP28 pretendendo se lançar no cenário nacional como um dos maiores atores na questão climática, pronto para angariar investimentos verdes, com a ensaiada gramática do carbono. Mas caiu na armadilha: o ingresso na OPEP brilhou mais que a falação na COP. Parecia um mendigo que atua nos sinais de trânsito segurando uma plaquinha “A Amazônia não é só nossa”, choramingando dinheiro dos países ricos. O verde que Lula ama é o dólar.

Com 20 anos de costura, o acordo do Mercosul com a União Europeia parecia mais um golpe de sorte de Lula. Seria ele, o competente e bem entrosado com os maiores atores internacionais, a colocar a assinatura. Era todo simpatia com Macron, que fora confrontado por Bolsonaro, ardoroso defensor do agronegócio brasileiro. Crente que dobraria Lula, que é antipático aos negócios do campo, Macron seduzia o brasileiro. Envaidecido, Lula só tomou tato com a realidade diante da bruta rejeição do governo francês.

Macron humilhou o presidente brasileiro, chamando-o de mentiroso. Foi na língua de Balzac e com outras palavras, polidas pela diplomacia. Mas disse que Lula lhe dizia uma coisa e fazia outra. Sem interlúdio, Macron foi para o ato final, declarando que não assinaria o acordo, que ele considera antiquado. Não se trata de etarismo, diante das mais de 70 décadas de Lula, mas a visão atrasada do ex-metalúrgico, que ainda prolata discursos da época da guerra fria. Pura naftalina. Ruim da vista, Lula só olha pelo retrovisor.

Comandando uma caravana de mais de 1.300 inscritos, quase o dobro da segunda comitiva (a da Índia, com mais de 700), Lula não tem mais paciência para governar o Brasil. Depois das noites das Arábias, partiu para a Alemanha, a fim de reatar laços e se queixar da França. Lula gosta de fazer turismo e se mostrar amigo dos grandes. É o colonizado fazendo reverência ao colonizador. O problema de Lula é o discurso. Calado, seria um grande estadista.

Os brasileiros já estão acostumados com as mentiras de Lula. Outro dia cheguei a pensar que ele tinha oito dedos. Perdeu um quando metalúrgico, e outro enquanto pegava caranguejo em Pernambuco. Dizem que foi uma piada para se relacionar com pescadores. Eis o problema: ele tem um discurso diferente (e uma verdade diversa) para cada interlocutor. Foi assim que disse à TV dos árabes que a reação de Israel se igualava ou era maior que o terrorismo do Hamas.

Enquanto a Europa ficou do lado da Ucrânia, Lula se postou ao lado de Putin. Luis Ignácio criticava seu antecessor que não teria diálogo internacional, que o Brasil seria um pária. Mas Bolsonaro tinha acesso ao presidente dos Estados Unidos, de Israel, da Índia, e foi à Rússia fechar acordo para garantir combustível e fertilizante. Lula vê no espelho a imagem que projetou em Bolsonaro. Não tem mais o apoio da Argentina, indispôs-se com os americanos, brigou com Israel, o único estado democrático do Oriente. Só restou o arco de tiranos e ditadores, feito uma tiara na sua cabeça.

Na Alemanha, mais um abalo à vaidade lulista. A imprensa germânica não o vê como confiável. Não apenas porque não é verdadeiro, como Macron alertou ao mundo. Mas por sua dubiedade em relação ao Ocidente e também às questões de sustentabilidade. A ZDF, a maior emissora da Alemanha, chamou Lula de “parceiro problemático”.

“O farol de esperança Lula, há muito venerado como uma estrela por muitos esquerdistas europeus, tornou-se há muito tempo num parceiro problemático”, escreveu Frank Buchwald, correspondente sênior de política do canal de TV. (By BBC).

Luciano Cléver

Luciano Cléver

Jornalista formado pela UFC, em 1988, coordenou o núcleo de comunicação da Caixa por 18 anos, trabalhou como repórter na Gazeta Mercantil, no Diário do Nordeste como secretário de redação, editor do jornal Expresso do Norte (Sobral), foi editor do portal do Sistema Paraíso. Está à frente do programa de rádio Café com Cléver, veiculado na rádio Paraíso FM (Sobral). E nas redes sociais (Youtube.com/@cafecomclever). É comentarista na TV União. Cristão, apaixonado por cinema, vinho e xadrez.

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