O Estadão trouxe matéria dizendo que tarifa zero promete dominar as eleições de 2024. Bandeira do movimento Passe Livre, estopim das manifestações de junho de 2013 e que culminou no impeachment de Dilma, já é realidade em 72 cidades. Entre elas, destaca-se Caucaia, a número um, até então, no maior número de pessoas beneficiadas com o passe livre nos ônibus urbanos.
A maioria das cidades que oferecem o benefício se encontra nas regiões Sul e Sudeste. No Nordeste, apenas três. Todas elas do Ceará. Eusébio, desde 2011, Aquiraz (2018) e Caucaia, desde 2021. Promessa de campanha de Elmano, o seu projeto só saiu do papel depois que Sarto lançou o Passe Livre, que está em seus primeiros dias. O Vai e Vem, do governo estadual, beneficia o deslocamento de estudantes da rede metropolitana com destino a Fortaleza. Mas tinha um vício de percurso, o benefício não se estendia ao fortalezense que fizesse a trajetória inversa.
Parecia um erro grosseiro de quem governa para todos os cearenses. Mas era jogada ensaiada para permitir a entrada no jogo do ex-presidente do Ceará Sporting Clube e atual presidente da Assembleia, Evandro Leitão, com uma perna fora do PDT e o focinho adentrando o PT para disputar as eleições de Fortaleza. Ao vir a vulnerabilidade na mensagem do governo, os atentos atletas da oposição tentaram se antecipar, apresentando emendas, rejeitadas por vício de origem, pois traziam despesas para o governo.
Mas eis que uma emenda, mesmo com vício semelhante, é apresentada, aprovada e aceita pelo governo. Autor: Evandro Leitão. O governador deu passe, para o presidente chutar enquanto a bola quicava na área dos adversários. E vai querer tirar proveito ao correr para a torcida de jovens estudantes fortalezenses para comemorar o gol com eles, lhes garantindo o passe livre no transporte intermunicipal.
Enquanto governador do Estado e prefeito de Fortaleza se debatiam para ver quem lançava o projeto primeiro (Sarto venceu por pontos), Vitor Valim, em Caucaia, já tinha engatada a quarta. Projeto Bora de Graça vai de vento em popa e caiu nas graças do povo. Enquanto comentava na TV União, a jornalista Rochelle Roldão disse que pessoas de Caucaia, quando vão pegar o ônibus, sabendo que não vão pagar passagem, já estão dizendo “Nós vamos de Valim”.
A frase, espontânea, é um achado para o marketing eleitoral. Os publicitários costumam tirar frases da cartola na tentativa de aderência popular. Aqui, temos uma de graça, como a passagem, vinda do povo. O nome do prefeito ajuda. É um vale, um voucher. Um valinho para andar de ônibus. Tem o valor do diminutivo e também do carinho. Não é um achado? “Nós vamos de Valim” vale por um passeio.
Assista ao comentário, recorte do programa Da Hora, veiculado na TV União nesta segunda-feira (27/11):