Há cerca de um mês e meio recebi, entre surpreso e envaidecido, convite para palestrar na XIII Semana do Direito da Universidade Vale do Acaraú – UVA, formulado pelo Centro Acadêmico Willis Santiago Guerra. Aceitei de imediato.
Não só por ter sido uma inciativa dos estudantes, como pela feliz circunstância de haver sido o Professor Willis Guerra grande amigo e colega do meu pai, sendo minha mesa de trabalho, no escritório, vizinha à sua. Não bastasse, ele e sua mulher (Profa. Magnólia) são padrinhos da minha filha mais velha.
Segui de ônibus-leito da “Guanabara”, muito mais confortável do que qualquer avião (exceto para que usa primeira classe, coisa que não é mais para meu bico). Motoristas atenciosos e seguros. Até cochilei, tanto na ida como na volta. Mas o que me impressionou mesmo foi a beleza que está Sobral!
Cidade limpa, com vias bem sinalizadas e sem buraco algum, praças e canteiros centrais bem cuidados (gramas e plantas verdinhas…), prédios históricos (belíssimos) pitados e iluminados… a cidade está “um brinco” (expressão antiga como eu, rs). À noite, indo jantar num restaurante à beira do rio (Acaraú, não é?), a brisa amena nem calor me fez sentir.
Percebi uma coisa rara, hoje em dia: os sobralenses – e visitantes, como eu, segundo eles – estão encantados com a gestão do Prefeito Ivo Gomes. Não ando muito a elogiar ninguém, mas dou meus sinceros parabéns do Dr. Ivo, embora por “via remota”, pois não acho que ele teria tempo para me receber (passei pouco tempo lá).
E agradeço, comovido, pela recepção calorosa e carinhosa que tive por parte dos acadêmicos e dirigentes do C.A., que me outorgaram um título imerecido (mas que recebi, já que tinha o nome do Prof. Willis). Creio, porém, que os tenha decepcionado, pois o conteúdo da minha fala (“A Desvalia da Constituição”) foi radicalmente contrário às dos que me antecederam. Talvez tenha valido a pena pela demonstração de que não existe um só modo de pensar (coisa muito perigosa, hoje em dia).
Uma delas, do Prof. José Eduardo Cardoso (prefirol chamá-lo assim, pois nos conhecemos desde os bancos do Mestrado na PUC/SP), começou bem, mas, no final, disse coisas infelizes. Mas respeito seu brilhantismo!
A outra me pareceu desdenhosa, arrogante, irônica, agressiva com quem ele chamou de “golpistas” e “terroristas”. Aliás (para gáudio de alguns) um deles morreu na Papuda por notória omissão do Grão Mestre da “judicatura suprema” (sobre isto escreverei outro texto, dada grave situação institucional em que se encontra o Brasil). Esse palestrante, cujo nome prefiro não declinar (invocando meu constitucional direito ao silêncio, se é que ainda existe), incluiu no seu currículo (lido no evento) o fato de “haver sido cogitado, várias vezes, para ser Ministro do STF”. Achei notável.
Pois bem, apesar desse “senão”, adorei minha ida à “Princesinha do Norte”. Fiquei com vontade de voltar (quando começar a chover, ou depois das chuvas, se Deus permitir).
Paz e Bem!
Valmir Pontes Filho é jurista e professor
