O transporte público é pauta nacional e provavelmente dominará programas de governo e debates nas eleições municipais do próximo ano. No Ceará, Caucaia já se firmou como exemplo no país, diante do maior número de usuários com gratuidade para toda a população, independente de horários ou da quantidade de viagens.

Sem ter estudado o suficiente e na política do menor esforço, Fortaleza tenta a “cola” nos bons resultados do município vizinho, após o prefeito Sarto criar a “passagem gratuita para estudantes”, ao apostar na incapacidade de julgamento de seus políticos, cidadãos, imprensa e dos próprios estudantes.

Ora, não há gratuidade naquilo que já foi pago, quando os pais dos alunos diariamente retiram do bolso a tal gratuidade, diante do maior percentual de aumento na tarifa do transporte público no país, com 15,5% (nenhuma cidade brasileira chegou a 9%), desde março último. Portanto, nesse intervalo de oito meses, a Prefeitura e o Sindiônibus já fizeram caixa suficiente para bancar o benefício da ida e da volta aos estudantes, quando o pai trabalhador e a mãe trabalhadora seguem bancando o “bom gesto” de Sarto, principalmente quando atuam como autônomos ou no setor de serviços, sem o vale-transporte.

Além disso, o termo gratuidade é muito benevolente quando se trata de apenas duas passagens diárias, tendo o próprio estudante que arcar com suas passagens no retorno à escola para alguma atividade esportiva ou extracurricular, ou mesmo na ampliação de seus conhecimentos, por meio de entretenimento e agenda cultural.

Aliás, a política do transporte público de Sarto é muito parecida com a da ex-prefeita Luizianne Lins, quando o assunto é mascarar o mau atendimento à população.

Na condição de líder da oposição (2011-2012) na Câmara Municipal de Fortaleza, elaboramos um estudo sobre os sete terminais de ônibus, em horários que variaram das 6 horas às 22 horas, além das próprias linhas e dos benefícios que a então prefeita cedia ao Sindiônibus, como forma de manter a “tarifa congelada”.

É importante reconhecermos que o discurso da “tarifa congelada” foi muito mais eficiente que o da “gratuidade aos estudantes”, que apenas se sustenta pela falta de uma oposição competente no Legislativo de Fortaleza.

Ao tentar iludir a população, Sarto tenta se inserir no grupo de municípios brasileiros com gratuidade no transporte público. Mas sabemos que o discurso do prefeito de Fortaleza não passa de “queimar a parada”…

Plácido Filho é advogado, presidente do Sintsaf e ex-vereador de Fortaleza