Dias Toffoli, o ministro mais camaleônico a habitar o Olimpo do STF, vai mudando de cor conforme a matiz de quem comanda o habitat governamental. Sem a menor cerimônia, quando Bolsonaro no poder, o ministro chamou de movimento militar o que até então ele nominava de ditadura.
Durante a Lava-Jato, que agora passou a criticar, ele foi demandado. Coube a ele decidir sobre a permissão para o presidiário Lula ir ao velório de um parente. Toffoli foi duro. Sua demora na decisão foi tanta que o defunto iria cheirar mal se tivesse que aguardar pela benevolência. Lula foi impedido de exercer o gesto cristão e humanitário, pois o ministro se decidiu muito tardiamente. Toffoli falhou porque tardou. E Lula não perdoou.
Eis que gira a roda da Fortuna, Toffoli precisa se reposicionar, trocar a pele, mudar de tom. O mimetismo no camaleão é uma estratégia natural de sobrevivência. No ministro, é puro puxa-saquismo, pois seu cargo é vitalício, de caráter irremovível. Exatamente para não depender dos poderosos.
Toffoli resolveu aloprar. Desconsiderou as provas que a Odebrecht ofereceu para corroborar o acordo de leniência firmado com a empreiteira, contribuindo para insegurança jurídica. No mesmo evento, disse que a prisão de Lula foi uma armação, “o pior erro judiciário de toda a história do Brasil”.
A comprar seu peixe pelo valor de face, foi o maior erro, cometido pelo maior número de juízes e de instâncias. Até agora, só se fala no Moro, que teria sido imparcial, além de não ter a competência no julgamento. Desde o início do processo, que tramitou por sete anos, estas condições – incompetência e parcialidade – foram arguídas, mas jamais prosperaram. A sentença de Moro foi corroborada no TRF, no STJ e até no STF.
Até que o tempo mudou, o vento soprou de lado, e Fachin, depois de estalar os dedos na careca, gritou “eureca”. E usou um embargo de declaração, o último de uma miríade de recursos manejados por Zanin para retirar de Curitiba os processos que condenaram Lula, fazendo voltar ao marco zero a tramitação que já custara sete anos e uma quantidade enorme de energia de toda a nação.
Assista ao comentário, um recorte do Café com Cléver, programa veiculado nas rádios:
Paraíso FM (Sobral)
Pioneira AM (Forquilha)
FM Cultura (Aracatiaçu)
Brisa FM (Tianguá):
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