Coluna do Barros Alves

DESCORTINO E LEVEZA

Tauá é um dos municípios mais importantes da região do Sertão dos Inhamuns. Tem uma longa história assentada na saga dos colonizadores e em tradições por demais caras aos sertanejos. Apesar da adustez do clima, aquela gente enfrenta as mais duras intempéries com denodo e altivez. É berço de grandes lideranças, sobretudo na seara política. Presentemente, assoma nesse cenário a figura do ex-deputado Domingos Filho, que exerceu com proficiência a presidência da Assembleia Legislativa, e enquanto preside o Partido Social Democrático-PSD, lidera um forte grupo político. A jovem Gabriela Aguiar, médica, é filha de Domingos Filho e de Patrícia Aguiar, ex-deputada, prefeita de Tauá e, sobretudo, uma mulher de muita fibra e imensa generosidade para com seu povo. Por agora, Gabriela é representante dos cearenses, em especial da população dos Inhamuns, na Assembleia Legislativa do Ceará. Em primeiro mandato parlamentar, ela tem cumprido com descortino e leveza, a missão que lhe foi confiada pelos cearenses. 

CAPITAL DO CARNEIRO

Tauá, a Princesa dos Sertões, explora diversas possibilidades na área da economia agropecuária. Conserva longo histórico na ovinocaprinocultura, sendo provavelmente o município em primeiro lugar no ranking de criadores nessa espécie de gado. A deputada Gabriela Aguiar, atenta à importância econômica desse setor, bem como a  toda uma cultura formada em torno desse processo de criação de ovinos e caprinos, conseguiu a aprovação de projeto de lei que define o município de Tauá como “Capital do Carneiro”. Lembra com propriedade a deputada Gabriela Aguiar, que “em razão da expertise na criação dos ovinos e caprinos, Tauá foi contemplado pelo projeto Rota do Cordeiro do Ministério da Integração Nacional, por meio da Embrapa. Tauá tem a segunda maior área territorial do Estado, e é apontado como o maior criador de ovinos e caprinos do Ceará, respondendo por 35% da oferta de animais no Estado, que detém o terceiro maior rebanho de ovinos do País, atrás apenas do Rio Grande do Sul e da Bahia. Além disso, existe uma cadeia produtiva eficiente, que faz de Tauá uma das maiores referências da ovinocultura do Brasil.” Isto quer dizer que ninguém escreve a história econômica do Ceará, mesmo do Brasil,  sem a presença da ovinocaprinocultura de Tauá.

NOME AOS BOIS

Na coluna de ontem houve uma omissão. Olvidei, por deslize, os nomes das personalidades às quais se pretende conceder título de cidadania honorária cearense, cujo propositor é o líder do governo, deputado Romeu Aldigheri, a contar com a subscrição de vários parlamentares de diversos partidos. São três os bois, digo, os agraciados. O primeiro deles já está sacramentado. Trata-se do ministro e atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso. O que ele fez pelo Ceará ninguém sabe. Os demais são os ministros Gilmar Mendes, também do STF; e Flávio Dino, da (in)Justiça. Gilmar Mendes deu uma importante colaboração ao Ceará. Casou com a irmã do ex-deputado Chiquinho Feitosa, presidente do Republicanos. Ontem durante a votação do projeto na Assembleia Legislativa do Ceará, o propositor disse ser uma honra para o Ceará conceder a honraria a Barroso. Inverteu as bolas. Foi corrigido pelo deputado Sargento Reginauro. A honra, como é bem sabido e notoriamente estabelecido, é de quem recebe o título.

SUMIDADE JURÍDICA

Na fala em defesa da concessão do título de cidadania honorária cearense ao ministro Barroso, o deputado Guilherme Sampaio desmanchou-se em elogios ao saber jurídico do homenageado. Sem dúvida trata-se de um magistrado por demais capacitado. Só não temos certeza se as doutrinas garantistas tão ao gosto do ministro são postas para o bem ou para o mal. Para mim é dúvida atroz. Foi por provocação de Barroso, quando ainda Procurador do Estado do Rio de Janeiro, que entrou em pauta no STF a legalização da união civil entre homossexuais. A decisão, de 2011, salvo engano, sobre a qual escrevi artigo intitulado “A Equivocada Decisão do STF” (jornal O ESTADO), abriu a porteira para um sem número de abusos. Foi Barroso que entusiasticamente defendeu o terrorista italiano Cesare Battisti. Fez seu papel inalienável de advogado. Mas, não só. Fez militância política em torno do seu cliente. O leitor pode conferir os prós e os contras nos livros “Os Cenários Ocultos do Caso Battisti”, de Carlos A. Lungarzo, editora Geração Editorial, 2012; e “O Caso Cesare Battisti – A Palavra da Corte”, de Walter Filho, edição do autor, 2011. Capturado pela Itália depois de fugir do Brasil, na Itália,  o santo Battisti da propaganda esquerdista, confirmou os crimes cometidos e foi punido com prisão perpétua.

CONTRADIÇÃO

Ao assumir cadeira na Suprema Corte brasileira, o ministro Luís Roberto Barroso passou a se conflitar com o togado Luís Roberto Barroso. São várias as decisões do ministro, algumas seguindo decisões de colegas, que vão de encontro a valores basilares da democracia. A liberdade de expressão é o problema mais grave entre os muitos em que o STF está desconsiderando ao castrar a liberdade de vários profissionais da Imprensa. O luminar Barroso acha tudo muito natural e contra todas as evidências afirma que o STF não faz militância política. Porém, foi o próprio que em congresso da União Nacional dos Estudantes, organismo historicamente infestado de comunistas, disse com empáfia, em alto e bom som ter frito parte daqueles que derrotaram o bolsonarismo. Ao aceitar silente a desmonetização de blogs e sites de jornalistas de direita, Barroso esqueceu totalmente o que escreveu no prefácio do livro “Direito Eleitoral e Liberdade de Expressão” de Aline Osório: “Como costumo afirmar, a liberdade de expressão não é garantia de verdade ou de justiça. Ela é uma garantia da democracia. Defender a liberdade de expressão pode significar ter de conviver com a injustiça e até mesmo com a inverdade. É o preço. Isso deve ser especialmente válido para candidatos e políticos em geral. Quem não gosta da crítica, não deve ir para o espaço público.” (Editora Fórum, 2017, pág. 21). Enfim, o Barroso da Academia é bem diferente do Barroso de toga.

Barros Alves é jornalista e poeta

Nicolau Araújo

Nicolau Araújo

Nicolau Araújo é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido.

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