Muitos estão perplexos diante da tempestade moral e doutrinária que está causando estragos na Barca de Pedro. Todavia, a crise que se abate sobre a Igreja Católica não constitui novidade. A Barca de Pedro já esteve à deriva em vários momentos ao longo dos seus dois milênios de história. Como dizia Jacques Maritain, “a Igreja sempre esteve em crise. A Igreja é crise. Sempre falta de vocações, mosteiros vazios, dramas pavorosos. A história da Igreja é uma crise contínua.” Portanto, não há motivos para desespero. Conforme nos ensina a sabedoria, não devemos reclamar dos ventos tempestuosos, porque eles não se acalmarão. Os cristãos devem ajustar as velas do barco para que siga o caminho determinado pelo Mestre.

Sabemos que o Papa Francisco, atual timoneiro, tem-se comportado como um pirata destruidor e iconoclasta. Desde o primeiro momento do seu pontificado, por gestos, escritos, palavras e omissões, tem cometido um sem número de desatinados desvios doutrinários e teológicos que o colocam em descompasso com o magistério da Igreja e no caminho de se inscrever entre algumas dezenas de antipapas que macularam a história da Igreja.

Depois de praticar um exagerado ecumenismo que mais parece capitulação a doutrinas heréticas e exóticas exposadas por religiões anticristãs; depois de exibir uma pauta política que se coaduna com as pregações de históricos inimigos da Igreja, como é o caso da defesa que faz dos marxistas e da herética Teologia da Libertação; depois de aceitar, a título de praticar misericórdia, antinaturais e imorais pautas inclusivas e politicamente corretas como sendo consentâneas com valores evangélicos, eis que o Papa Francisco ultrapassa todos os limites da moral cristã, ao conceder status de “corretivo” ao ato de roubar.

Na homilia que proferiu ontem, 24/01/2024, no Vaticano, o pontífice afirmou que a ação de ladrões pode ser uma “advertência salutar” contra o “vício da avareza.” Segundo o hermeneuta Francisco, a ação de assaltantes, em vez de ser considerada crime, contribuem para lembrar à sociedade que não adianta acumular “bens neste mundo” com o fim de “exorcizar o medo da morte.” E de forma completamente enviesada, o Papa interpreta a Escritura: “Eles (os ladrões) têm um bom número de aparições no Evangelho e, ainda que a atuação deles seja censurável, ela pode se tornar uma ADVERTÊNCIA SALUTAR.” – Grifo meu.

Ao tomar conhecimento da homilia de Francisco, pensei se tratar de um texto escrito pela senhora Márcia Tiburi, professora marxista, ateia, militante feminista radical, que se diz filósofa e que diz claramente ser a favor do assalto. Segundo ela, agora secundada pelo Papa Francisco, “há uma lógica no assalto”. Simplesmente a pessoa foi “contaminada pelo capitalismo” e não possuindo algo de que necessita e que o outro possui, roubar “seria justo dentro de um contexto injusto.”

Uma afirmativa tão absurda igual a essa, está perfeitamente adequada a uma personalidade herética como a da senhora Márcia Tiburi. Porém, saída da boca do líder supremo da Igreja Católica, que se autointitula como guardadora do “depósito da fé cristã”, constitui algo verdadeiramente tenebroso.

Diante do que estamos a presenciar na cúpula da Igreja, tendo como protagonista o Papa Francisco, não hesito em afirmar que ele sofre de avançado processo de senilidade. Prefiro acreditar nessa hipótese do que na hipótese de que o Espírito Santo consentiu na eleição de um herege para se assentar na Cátedra de Pedro.

Gregório Freund Gottes é teólogo e historiador da Igreja