Por Norton Lima Jr
Vamos começar pelo resumo dos primeiros acordes da ópera Paraná Pesquisas, exclusiva do CearaNews do jornalista Donizete Arruda.
Esta pesquisa:
— deu gás a Lora;
— colocou Sarto na mira;
— iludiu o Capitão;
— mostrou o campo da direita com 45%; o centro com 35%; e a esquerda com 25%;
— mostrou que ninguém é rejeitado a ponto de ser considerado inelegível.
”Gás na Lora” significa que a petista histórica Luizianne Lins ganhou mais uma ficha para vencer a disputa interna dentro do PT contra o petista-novo Camilo Santana. Por enquanto, o candidato de Camilo, Evandro Leitão, aparece bem distante da meta. E a pontuação de Luizianne agitou a militância do PT. Há análises que, sem Luizianne, sem militância. E, sem militância, sem campanha à moda petista em Fortaleza.
Os outros nomes do PT (Larissa Gaspar, Artur Bruno, Guilherme Sampaio) não figuraram na Paraná. Isso deveria ser considerado muito grave, porque um instituto (uma empresa comercial) não pode influir em uma disputa partidária. A autonomia dos partidos precisa ser respeitada. As disputas internas são legítimas e crescentes e tendem a crescer. A considerar o prejuízo causado pelos institutos aos pré-candidatos fora das sondagens pré-eleitorais, no mínimo, cabe regulamentar ou esclarecer ou aplicar o artigo 33 da Lei 9.504/97.
A pesquisa contrariou a percepção do Sarto descartado. Não está. A surpresa vai calibrar a mira dos adversários em relação ao prefeito, assim como reabriu o debate sobre a candidatura do ex-prefeito Roberto Cláudio — que, mesmo sem indicar a pretensão eleitoral, estranhamente figurou na pesquisa. Na Câmara Municipal de Fortaleza, o comentário era que, com RC, a eleição seria “um passeio”.
A intenção de voto no Sarto, assim como a vantagem da Luizianne sobre Evandro Leitão, foram mais comentadas do que a vantagem do Capitão Wagner na Paraná.
Eis o problema do Capitão Wagner, terá que enfrentar “la mística perdedora” — como dizem os estrategos argentinos. Nas outras eleições, CW partiu na frente e perdeu. Comparando os dados de agora com outras largadas, para quem já teve 20% de voto espontâneo, os atuais 6% representam um candidato 3x mais fraco.
Corroborando com a percepção de muitos analistas, como o decano petista José Dirceu, o campo à direita está mais fértil do que à esquerda. A direita (CW, André Fernandes, Luís Eduardo Girão) habita a casa dos 45% dos votos; o centro (Sarto), 35%; a esquerda (Luizianne), 25%. A direita dividida pode ficar fora do 2º turno? Pode. As três forças à direita podem juntar-se? Podem.
Há incursões para CW apoiar LEG, resguardando-se para disputar o governo em 2026 — assim como faz Roberto Cláudio em relação a Sarto. Para CW seria mais tranquilo manter a sua expectativa de poder do que esgotar-se em definitivo em mais uma derrota. A aliança entre CW e LEG transformaria André Fernandes em alvo fácil do voto útil. E André Fernandes, um jovem campeão de votos, poderia marchar para uma das duas vagas do Senado. Mas, apesar de possível, a união da direita não será nada fácil.
Por enquanto, a fase é de “cacifação” e todos querem juntar fichas para não sair da mesa do pôquer — onde estão e curtem o jogo.
As taxas de rejeição não foram significativas, nenhum dos candidatos poderá ser acusado de inelegível por rejeição. E apenas a intenção de voto — sem “o poderia votar” x “taxa de conhecimento” — vale muito pouco para a projeção do voto.
O cálculo da projeção de votos x preditivos é assunto muito especializado. E já perdeu muito da validade determinista do passado. Agora vale o imponderável nestes tempos da pós-modernidade espetacular.
