Folha revela atuação política de ministros do STF

Os ministros do Supremo Tribunal Federal sempre trafegaram entre os dois mundo, o jurídico e o político. Mas nunca essa promiscuidade chegara a níveis alarmantes como os de agora. Deixaram de lado as atividades precípuas, para as quais foram indicados, e se entregaram aos braços da política, até mesmo tomando partido, comprometendo a imparcialidade e atingindo a imagem da instituição. A Folha de S. Paulo publicou matéria (29/12) revelando que o STF agrada a Lula e se consolida como ator político.

O embate político ficou mais ostensivo quando o Congresso resolveu conter a agressiva postura do STF a lhes usurpar prerrogativas. Sob o argumento de omissão dos parlamentares, a corte suprema passou a legislar em assuntos sensíveis, tais como a liberação do porte de drogas, aborto, marco temporal, entre outros. “Não legislar não significa omissão”, assestou o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira. É uma decisão, contra a qual se insurgem os togados. A outra face da moeda seria o Congresso julgar casos que estão olvidados na corte.

O que mais desagradou os magistrados foi a aprovação de uma proposta de emenda à Constituição que impedia decisões monocráticas contra leis oriundas do Congresso ou atos do Executivo. Ainda por cima, com o voto do líder do governo, senador Jaques Vagner, alvo de uma ligação indignada do ministro Gilmar Mendes.

Pintados para a guerra, os tambores da Tribo dos Togados enviavam sinais de fumaça, com ameaças e cobrança de contrapartidas. “Lula foi eleito graças a uma ação do STF”, disse, sem corar, o decano do Supremo. Se o ato judicial fosse apenas isso, seguindo o escopo constitucional, seria descabida e imprópria a cobrança de Gilmar. No mesmo dia, Lula ministrou a pajelança, para acalmar os espíritos dos caciques do STF. Fez indicação dupla de um ministro do STF e do titular da Procuradoria Geral da República. Quebrou sua tradição para escolher alguém fora da lista (sempre escolhia o mais bem colocado) para indicar nome do agrado de Mendes e Moraes.

A Folha elenca outros atos de muita visibilidade com atuação partidária. A mais recente era de alguém que estava prestes a assumir a presidência da corte. Num ato politico, foi político: “Vencemos o bolsonarismo”. Barroso já entrara para a história com o “Perdeu, Mané”. Mas resolveu aloprar com a nova frase e com a explicação com que tentou se eximir do vexame. Falava, segundo ele, contra o extremismo. A emenda não tinha como não deixar de ser pior do que o soneto. Deu a entender que todo bolsonarista é um extremista.

O jornal relata a atitude de Toffoli, que se bandeara para Bolsonaro, e agora tenta se reaproximar de Lula, responsável por sua indicação ao Supremo. E desmoronou a Lava Jato desfazendo sentença e perdoando dívidas bilionárias de um grupo que tem como advogado a mulher do ministro. O amigo do amigo do meu pai agora era também o “marido da minha advogada”.

A Folha ainda falou do TSE que tornou Bolsonaro inelegível, por uma conversa com embaixadores. Foi matéria de página inteira. Se fosse para contar tudo que o STF enviesou em suas ações, faltaria papel. Mas deixou de citar o conjunto de decisões durante o período eleitoral, que criou o paradoxo da censura. Permitiram mentiras sobre Bolsonaro, ao mesmo tempo que impediram verdades sobre Lula.

A corte, como revelou a Folha, faz política. Mais do que isso, milita num partido.

Luciano Cléver

Luciano Cléver

Jornalista formado pela UFC, em 1988, coordenou o núcleo de comunicação da Caixa por 18 anos, trabalhou como repórter na Gazeta Mercantil, no Diário do Nordeste como secretário de redação, editor do jornal Expresso do Norte (Sobral), foi editor do portal do Sistema Paraíso. Está à frente do programa de rádio Café com Cléver, veiculado na rádio Paraíso FM (Sobral). E nas redes sociais (Youtube.com/@cafecomclever). É comentarista na TV União. Cristão, apaixonado por cinema, vinho e xadrez.

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