As milícias que Xandão não vê

O Inquérito das Fakenews, aberto por iniciativa do então presidente do STF, Dias Toffoli, para investigar ataques e ameaças ao STF, por meio de notícias falsas, teve como fato originador uma notícia verdadeira: a de que o “amigo do amigo do meu pai” fora citado numa investigação da Lava Jato sobre propinas da Odebrecht para agentes públicos. Mas não consegue enquadrar as verdadeiras fakenews, como as da Choquei.

Chamado de inquérito do fim do mundo pelo ministro Marco Aurélio, seria natimorto segundo as palavras do então decano. O ministro se aposentou, e o tal do inquérito está vivíssimo, prestes a completar cinco anos, tragando vítimas a torto e, principalmente, à direita. Única voz contrária ao corporativismo exacerbado da Corte, Aurélio apontou as irregularidades: nascia de ofício, com a escolha do relator (quando deveria ser por sorteio) e sem a participação da PGR.

O que começava torno não se endireitaria. O plenipotenciário relator, a quem Marco Aurélio já chamara de xerife, veio com tudo. Uma das primeiras ações foi censurar dois veículos de comunicação: o site O Antagonista e a revista digital Crusoé. Foi tão vergonhoso, e a sociedade ainda tinha condição de mostrar indignação, que a corte recuou e retirou a censura. Também ficou esclarecido que não era fakenews. Constava dos autos de um processo judicial.

O inquérito, que costuma ser aberto para crimes já acontecidos, passou a funcionar como uma tarrafa, ilustração que rima com a pesca probatória. Inverteu-se todo o sistema acusatório. Primeiro, elegeram o criminoso: a direita, os bolsonaristas. Depois, buscaram-se os crimes e as provas. A rede de arrasto levou tudo. Desmonetizações, censuras e prisões para quem ousava pensar diferente do consenso dos togados.

Depois veio outro inquérito, o das Milícias Digitais, ainda mais infame que o outro. Este surgiu numa burla de Alexandre de Moraes para continuar o inquérito dos Atos Antidemocráticos, cujo arquivamento fora solicitado pela PGR. Encerrou o anterior, abrindo o outro com o mesmo objetivo. Típica litigância de má-fé. Com as mesmas vítimas: direita, apoiadores de Bolsonaro, conservadores.

Em nenhum desses longevos inquéritos, incluiu-se alguém da esquerda com atuação semelhante ou mais grave que os outros investigados. Além do mais, não se provou deliberada desinformação ou fakenews, tipo as que foram divulgadas por Janone e as milícias de esquerda, reconhecidas como inverídicas até por eles mesmos.

Agora, revela-se a ponta de um iceberg, com o suicídio da jovem Jessica Canedo, vítima de uma violenta campanha originada por comprovadas fakenews, além do deboche dos divulgadores quando as vítimas solicitaram a reposição da verdade. A jovem não aguentou a pressão e virou uma mártir das milícias digitais.

Uma bancada digital, montada por um empresa que lucra bilhões com a desgraça alheia, agindo de forma concatenada, como uma organização criminosa, foi usada na campanha eleitoral para apoiar Lula, que reconheceu e agradeceu o apoio.

No momento em que a sociedade está chocada com a Choquei, não se vê uma fala dos tão falantes ministros do STF, seja o seu presidente, Barroso, seja o presidente do TSE e relator dos inquéritos dos inimigos do Estado, Moraes.

Quando falam do caso, as autoridades usam a desgraça para defender uma causa que lhes é muito cara, o controle das redes sociais, da comunicação. Deixam de lembrar que já temos leis suficientes para coibir os abusos. Até para quando na há abuso, como já mostrou de forma soberba o STF.

Essas milícias, lulistas, deletérias, assassinas, não merecem atenção da Corte. É do mesmo lado deles. São as milícias que Alexandre de Moraes não consegue enxergar, são as milícias que Xandão não vê. A não ser que descubra que haja algum bolsonarista envolvido.

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Luciano Cléver

Luciano Cléver

Jornalista formado pela UFC, em 1988, coordenou o núcleo de comunicação da Caixa por 18 anos, trabalhou como repórter na Gazeta Mercantil, no Diário do Nordeste como secretário de redação, editor do jornal Expresso do Norte (Sobral), foi editor do portal do Sistema Paraíso. Está à frente do programa de rádio Café com Cléver, veiculado na rádio Paraíso FM (Sobral). E nas redes sociais (Youtube.com/@cafecomclever). É comentarista na TV União. Cristão, apaixonado por cinema, vinho e xadrez.

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