Dino será o líder do governo no Supremo

Lula fez a mesma leitura de Bolsonaro sobre o STF, que se transformou numa casa meramente política. E fez aquilo que criticara no seu antagonista: a indicação de amigos para compor a corte suprema. Fez pior. Sem o menor pejo, indicou não só o amigo, mas seu advogado Zanin. Com a indicação de Dino, contrapõe-se ao terrivelmente evangélico com um terrivelmente comunista.

Bolsonaro indicou Kassio Nunes Marques, um juiz que estava no exercício da magistratura, e André Mendonça, procurador, pastor presbiteriano, com passagem no Ministério da Justiça de Bolsonaro. Nenhum dos indicados pelo ex-presidente tivera mandato político. Dino, vindo da magistratura, abandonou o ofício para se entregar à política. Foi deputado, governador do Maranhão e senador, quando assumiu o Ministério da Justiça de Lula.

Conhecedor das leis, pisoteou a legislação em falas dirigidas aos adversários. Espaçoso e estridente, não titubeou, num cargo que exige prudência e discrição, que Bolsonaro poderia ser preso, fazendo pré-julgamento. Diante dos atos do 8 de janeiro, chamou os manifestantes de terroristas. E ainda sumiu com as imagens que poderiam incriminar os autores do ato.

Foi criticado pela inopinada visita à Maré, no Rio de Janeiro, área conflagrada, dominada por facções. Mesmo assim. Seu ministério recebeu em, pelo menos, duas ocasiões a Dama do Tráfico. Logo depois dos ataques que sofreu por anfitrionar personagem ligada ao crime organizada, ela mesmo condenada a 10 anos, recebeu a solidariedade de Lula. Como prêmio, o Supremo.

Bolsonaro havia percebido que o STF abandonara as quatro linhas para caçá-lo e cassá-lo. Não tinha um plantel, e escolheu Nunes, que não se pode dizer seja bolsonarista. Tampouco Mendonça. São alinhados em conceitos. Lula foi mais esperto. Fechou-se na defesa, colocando o volante Zanin, e escalou um atacante, que cai pela esquerda, o stalinista Flávio Dino.

A Constituição prevê o bicameralismo no Legislativo. A chamada câmara baixa (dos Deputados) e a alta (Senado). Num passado recente houve um duplo salto carpado no Olimpo, e o STF tomou a posição de câmara altíssima. Com a abertura de mais uma bancada, é legítimo Lula indicar um líder de governo. E escolheu o político para tal. Não se trata de juiz com acesso à política, mas de um político que entende de direito. E o desvirtua.

No congresso, havia o desenho de uma câmara iniciadora e outra reformadora. Inaugurou-se a terceira: moderadora. A indicação, embora assinada por Lula, foi ungida por dois ministros não indicados pelo PT, sem os quais Lula não teria voltado ao poder (revelação de Gilmar). Ao indicar um líder para a bancada no STF, Lula quer um Xandão para chamar de seu. Um que seja de sua confiança, mais inteligente, mais estridente e mais ousado no enfrentamento à Magna.

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Luciano Cléver

Luciano Cléver

Jornalista formado pela UFC, em 1988, coordenou o núcleo de comunicação da Caixa por 18 anos, trabalhou como repórter na Gazeta Mercantil, no Diário do Nordeste como secretário de redação, editor do jornal Expresso do Norte (Sobral), foi editor do portal do Sistema Paraíso. Está à frente do programa de rádio Café com Cléver, veiculado na rádio Paraíso FM (Sobral). E nas redes sociais (Youtube.com/@cafecomclever). É comentarista na TV União. Cristão, apaixonado por cinema, vinho e xadrez.

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