A Coluna do Barros Alves

DE AFOGADILHO

Quando se aproxima o final do ano – vejo isso há 40 anos – o governador do Estado envia à Assembleia Legislativa uma enxurrada de Mensagens com proposituras as mais diversificadas. Normalmente algumas flores e muitos espinhos. Jabutis e jabuticabas com aspecto de deliciosas iguarias. Tudo com pedido de urgência, consoante permite o Regimento Interno da Casa. O regime de urgência de uma matéria encurta o debate e subtrai do parlamentar o direito de estudá-la com mais vagar. Fere de morte a oposição. E tudo vai passando de afogadilho. Para gáudio do governo e lamentação do povo no ano que se aproxima.

OPOSIÇÃO 

Importa repetir por agora que a Assembleia Legislativa do Ceará ganhou nesta Legislatura um corpo parlamentar de boa qualidade política e intelectual. Há nomes que sustentam um bom debate na tribuna da Casa tanto no campo da oposição quanto entre os situacionistas. Entre os apoiadores do governo listo, entre outros, os deputados  Guilherme Sampaio, orador bem articulado;  De Assis Diniz, líder do bloco governista; Júlio César, o filho, ex-líder do governo e atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça; Fernando Santana, por agora assestando baterias contra a Enel, na presidência de Comissão Parlamentar de Inquérito. Na seara da oposição alteiam-se deputados de primeiro mandato como o Sargento Reginauro, orador fluente e seguro na argumentação; Felipe Mota, cujos dotes oratórios alia com precisão às causas liberais que defende; Carmelo Neto, jovem tribuno, aguerrido, espirituoso; Larissa Gaspar, ousada defensora intransigente dos postulados da esquerda; deputada Dra. Silvana, larga experiência de três mandatos, usa a tribuna parlamentar com desenvoltura para fazer oposição sem medo. Vê-se ainda poucos bons tribunos entre os 46 deputados. Porém,  à vista de legislaturas anteriores esta está de bom tamanho.

CONSTRANGIMENTO 

Hoje ocorreu um episódio constrangedor no Plenário Treze de Maio da Assembleia Legislativa do Ceará. Ali compareceu o vereador Inspetor Alberto para conversar com o deputado Alcides Fernandes, pessoa de fino trato, um gentleman. O vereador foi convidado pelo deputado a sentar numa poltrona do Plenário. Mas, logo teve que se levantar a pedido de um servidor daqueles tipos burocrata obtuso que desconhece o mínimo de bom senso e gosta de agradar o chefe além da conta. Alegando que o Regimento Interno da ALECE só permite a deputados se sentarem nas poltronas do Plenário, que por sinal estava vazio no momento, o servidor causou constrangimento ao visitante e ao deputado Alcides, que permaneceu de pé enquanto seu amigo estava presente à sessão. 

MAIS REAL DO QUE O REI

Indaguei do deputado Lucinildo Frota, que presidia à sessão se a esdrúxula e mal educada determinação de fazer o vereador de Fortaleza, uma autoridade do município, não sentar ao lado do colega deputado, em Plenário, teria partido dele. A resposta foi: “absolutamente não!” O certo é que o servidor que parece não aprender nunca os bons modos que certamente não aprendeu no lar, quis ser mais real do que o rei. Com efeito, há alguns servidores e assessores parlamentares que pensam ser mais importantes do que os deputados a quem servem. E, às vezes, servem de forma subserviente, pusilânime. Vale ilustrar o caso em pauta, que concorre para desvestir de razão o servidor atrapalhado. Um dia desses, o ex-assessor parlamentar Bruno Mesquita, atualmente vereador de Fortaleza, esteve na Assembleia Legislativa e como conhece o metier da Casa, refestelou-se numa poltrona na Mesa Diretora dos trabalhos legislativos onde ficou a papear com os deputados. Dois pesos e duas medidas não deve  porque nunca foi,  coisa de bom tom na Casa do povo.

FORTALEZA E FÉ

Na condição de poeta menor, lavro o soneto que transcrevo abaixo, para prestar  homenagem à Dra. Silvana,  uma mulher valente, que se alteia politicamente pela bravura e, por agora, enquanto mãe, anda em aflição em face de um filho doente, mas, em processo de recuperação, pela graça do Altíssimo.

Eis os versos:

Dores? Suportam-nas o altivo, o forte,

Os fracos sucumbem às mínimas dores.

Quedam genuflexos aos dissabores

Inda que muitas vozes o conforte.

O fraco não tem rumo, perde o norte,

Soluça entre lamentos e clamores…

O forte sofre, mas vive de amores,

Tem Deus, tem fé e jamais teme a morte.

O medo para o forte é letra morta,

Mesmo em face de duro sofrimento

Com maior dignidade se comporta.

Ainda que uma lágrima pungente

Deslize sobre a face em desalento

A alma sorri pra vida docemente…

Barros Alves é jornalista e poeta

Nicolau Araújo

Nicolau Araújo

Nicolau Araújo é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido.

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