Artigo – Erramos de O POVO desrespeita morto

Num dia, o jornal O POVO erra, cometendo grave desinformação. No dia seguinte, o Erramos, que deveria corrigir o erro anterior, comete mais erros e ainda desrespeita a memória do morto e afronta a família dele. O erro foi pessoal, cometido pelo jornalista Guálter George. Já a correção foi institucional, o jornal assumindo o erro em nome do profissional, que teve o nome preservado no Erramos.

O Erramos, publicado na edição seguinte, reconhece o erro, mas comete outros. Disse que Clériston ” é réu, não foi ainda condenado”. Esse NÃO FOI AINDA CONDENADO é mais um absurdo pela dupla denotação. Uma significa que ele seria fatalmente condenado. Isto é , não foi AINDA, mas será. A outra é que ele não pode mais nem ser julgado (a não ser por Deus), quanto mais condenado. A não ser que o autor do Erramos espere que ele ressuscite. Se não, é um vilipêndio ao morto. E desrespeita a memória dele e a dor da família. A frase melhor seria: não tinha ainda sido julgado.

Sob a retranca Ponto de Vista, o articulista indagava: “Quem matou Clériston Pereira da Silva?” Queria tirar das costas de Alexandre de Moraes o peso de uma morte ocorrida no presídio para, ao fim, insinuar que a culpa é de Bolsonaro que o incentivara a cometer o crime que ocasionou sua prisão (e morte). A opinião vinha dentro das informações sobre manifestações contra a morte do mártir e que cobravam responsabilidades do relator do processo (Moraes) e do STF.

Mais grave erro entre jornalistas é o da desinformação. Tão grave quanto evitável foi dizer que Clériston, preso em flagrante pelos atos de 8 de janeiro, tinha sido condenado. Mais que isso, baseada “em uma ampla investigação conduzida por policiais e procuradores”. O artigo todo é um equívoco só, mas nesse trecho há um aluvião de inverdades. Aos fatos: Clériston nem sequer foi julgado. Ele foi preso em flagrante no dia 8 de janeiro por estar no cenário da manifestação que descambou para o vandalismo.

Desde então, mantinham-no preso preventivamente, sem qualquer prova contra ele (poderia até haver, mas o Dino jogou fora as imagens!). Sem que haja, em até 24 horas, a audiência de custódia, a prisão em flagrante é relaxada, como é costume acontecer até com bandidos perigosos. Clériston, porém, não teve esse direito. Desde maio, foram encaminhadas petições à Justiça, solicitando a transformação de sua prisão em outra medida cautelar, por causa de suas doenças. Aos apelos, deram de ombros.

Nada disso o jornalista levou em conta. Como começou dizendo que o cidadão tinha sido condenado, seguiu em frente, capengando na argumentação. Disse que se houvesse culpa, não seria de Moraes, mas de Mendonça, no seguinte trecho: …”teve o seu caso médico analisado por André Mendonça, repetirei, que não encontrou razões, com laudo em mão e tudo, para atender o pedido de relaxamento da prisão”.

O jornalista continua surfando na desinformação. Mendonça nem julgou o mérito. Há uma regra no STF, com força de lei, que um magistrado não pode conceder Habeas Corpus contra a decisão de um colega. Clara decisão corporativa para preservar os pares. Neste caso, concordo com o Guálter, Mendonça foi cúmplice a lavar as mãos. Fosse altaneiro, teria passado por cima da regra em defesa da vida, o bem maior a ser preservado, não uma lei casuística.

Deve ter pesado a condição de ter sido indicado por Bolsonaro. Uma decisão contrária à de Moraes seria tida como um confronto, um desapreço a lei, coisa de bolsonarista. Pecou por omissão, entra no credo como Pôncio Pilatos, ao lavar as mãos.

O ditado vem bem a propósito. A emenda saiu pior que o soneto. E olha que o soneto já era muito ruim.

Luciano Cléver

Luciano Cléver

Jornalista formado pela UFC, em 1988, coordenou o núcleo de comunicação da Caixa por 18 anos, trabalhou como repórter na Gazeta Mercantil, no Diário do Nordeste como secretário de redação, editor do jornal Expresso do Norte (Sobral), foi editor do portal do Sistema Paraíso. Está à frente do programa de rádio Café com Cléver, veiculado na rádio Paraíso FM (Sobral). E nas redes sociais (Youtube.com/@cafecomclever). É comentarista na TV União. Cristão, apaixonado por cinema, vinho e xadrez.

Uma resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pode te interessar:

Área de anúncio

Esta é uma área para anúncios ou CTA em tamanho 300x250px

Área de anúncio

Esta é uma área para anúncios ou CTA em tamanho 300x300px

Área de anúncio

Esta é uma área para anúncios ou CTA em tamanho 300x300px