Artigo – Moraes revoga o direito de defesa

Depois de desrespeitar o sistema acusatório, Moraes avançou ainda mais na afronta à Constituição. O cidadão já não tem direito à ampla defesa nem ao contraditório, mesmo com a expressa garantia da Carta Magna. Às favas a Lei se servir de óbice aos desígnios do Imperador dos Calvos, que continua violando direitos.

O Inquérito das Fakenews nasceu eivado de ilegalidades, daí ter recebido a alcunha de “natimorto” pelo então decano Marco Aurélio, o único voto contrário, um oásis legalista no deserto de ilegalidades. Feriu o sistema acusatório, que separa as funções de acusar, defender e julgar. Preferiu adotar os métodos da Santa Inquisição. O STF, no papel de vítima, assumiu múltiplas funções: investigar, acusar e julgar. Uma aberração. Uma teratologia, mais conforme o jargão dos operadores do Direito.

O infindável Inquérito, uma anomalia desde o inicio, continua aberto, a produzir vítimas aleatoriamente, fora do escopo inicial. Sem a participação da PGR, ministro Toffoli escolheu Moraes para relator. Ele se fez também acusador. Tinha um objetivo: vingar-se de jornalistas e veículos que publicaram matérias desairosas ao intocável ministro do STF. Onde já se viu?

O amigo do amigo do meu pai disse que era fakenews a expressão. Note que não havia lei sobre fakenews. Como se sabe, não há crime sem uma lei anterior que o defina como tal. Detalhe, sobranceiramente ignorado pelos castos juízes. A casta fechou-se em copas para autodefesa.

Uma das primeiras ações: censura ao site O Antagonista e à revista Crusoé. Mas a expressão que inquietou Toffoli era real, constava dos autos de um processo na Lava Jato com a lista de nomes e codinomes de beneficiários de propinas da Odebrecht. Lula era o amigo pai. Toffoli, o amigo do amigo. Mui amigo.

Diante da repercussão e da comprovação de que não se tratava de inverdades, a censura foi retirada. Um recuo estratégico para tomar impulsos em outras ilegalidades, que ainda persistem.

Um outro patamar foi alcançado a partir das arbitrariedades de prisões e processos contra quem fazia manifestação política, que terminou em quebra-quebra no 8 de janeiro.

Como o adicto, usuário de drogas, ele precisa ir aumentado a dosagem da substância para alcançar o nível de adrenalina. Quer ir direto ao julgamento, acabar com tanta protelação. E aboliu o direito de defesa. Ele não suporta o contraditório. Tem negado, um por um, os pedidos de sustentação oral no plenário.

Depois de subjugar todos os entes da cadeia democrática, o calvinista (predestinado a fazer “justiça“) passou a debochar: A OAB vai soltar outra nota contra mim, vão falar que eu não gosto do direito de defesa, meus inimigos vão produzir 4 mil tuítes, mas vou negar o pedido, não cabe sustentação oral em embargo de declaração. “Vamos fazer a festa do Twitter, das redes sociais”, ironizou.

Pois bem, saiu a nota (mais uma) da OAB, defendendo o fim das violações de direitos, vieram os tuítes, e também comentários de juristas. A saber, o regimento interno da corte, que tem força de lei e se refere à parte administrativa da instituição, não pode sobrepujar a própria Lei, muito menos a Constituição. A força dos togados, porém, mostra-se superior ao império da lei.

Assim como o viciado dá de ombros aos conselhos, o STF faz ouvidos moucos á voz da sensatez. E nem mesmo a internação compulsório trará bons resultados. Já se encontram presos a uma bolha, numa torre de marfim, imunes ao que se passa ao seu redor. Talvez seja necessária a controversa terapia de choques. Um choque de realidade.

A PEC contra as decisões monocráticas foi o primeiro choque. Se não pela consequência prática em si, já valeu pelas convulsões provocadas no muito revelador discurso do acuado decano do STF, a pregar altivez da corte. É tema para outro artigo.


Assista ao comentário, um recorte do Café com Cléver, programa veiculado nas rádios:
Paraíso FM (Sobral)
Pioneira AM (Forquilha)
FM Cultura (Aracatiaçu)
Brisa FM (Tianguá)
:

#cafecomclever #lucianoclever #jornalismo#democracia#gilmarmendes#alexandredemoraes#sustentacaooral#oab

Luciano Cléver

Luciano Cléver

Jornalista formado pela UFC, em 1988, coordenou o núcleo de comunicação da Caixa por 18 anos, trabalhou como repórter na Gazeta Mercantil, no Diário do Nordeste como secretário de redação, editor do jornal Expresso do Norte (Sobral), foi editor do portal do Sistema Paraíso. Está à frente do programa de rádio Café com Cléver, veiculado na rádio Paraíso FM (Sobral). E nas redes sociais (Youtube.com/@cafecomclever). É comentarista na TV União. Cristão, apaixonado por cinema, vinho e xadrez.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pode te interessar:

Área de anúncio

Esta é uma área para anúncios ou CTA em tamanho 300x250px

Área de anúncio

Esta é uma área para anúncios ou CTA em tamanho 300x300px

Área de anúncio

Esta é uma área para anúncios ou CTA em tamanho 300x300px