Artigo – PT teme ação predatória de Cid no partido

Cid Gomes é um elefante, e um elefante incomoda muito gente. Depois da treta familiar, que evoluiu para dissenção partidária, Cid ensaiou bem o seu teatro para garantir a saída de seu grupo sem riscos de perder o mandato. Líder inconteste da manada, Cid levanta a tromba para sentir os ares e decidir sobre qual rumo tomar. Busca um estuário para desaguar sua manada de descartáveis.

Com um estoque de dezenas de prefeitos, dez deputados estaduais e cindo federais, procura-se um partido que lhes caiba. Não será tarefa fácil. A marcha do grupo é vista por partidos grandes como uma ação predatória. Partindo para o sexto partido, toda vez que Cid desembarcou numa sigla, a agremiação cresceu. Demonstrou-se depois que não era crescimento, mas inchaço. O que está inchado parece grande, mas não é sadio, na frase de Agostinho sobre o orgulho.

A liderança de Cid Gomes é feminina, como a galinha que protege seus pintos. O agrupamento de elefantes é feito pela mãe e os filhotes. Os machos andam sozinhos. Cid Gomes garante que a decisão será coletiva, o que protege a si e aos seus. O senador disse que recebeu convite de Lula, vocalizado pelo ministro Camilo Santana. Governador Elmano também acena positivamente, mas Guimarães, petista histórico, líder de Lula na Câmara, refuga. Cid procura agenda no planalto para discutir com Lula.

Há cuidado de parte a parte. Cid sabe que quem manda é Lula, mas teme resistência tanto ao seu nome, como a de seu candidato à prefeitura de Fortaleza, Evandro Leitão, que teria que disputar a vaga com Luizianne Lins.

Nas vezes que Lula convidou o mais ilustre dos Ferreira Gomes foi puro engodo. Para retirar Ciro do caminho eleitoral de Dilma Roussef, Lula aliciou o PSB e colocou como deliciosa isca a candidatura ao governo de São Paulo. Ciro transferiu o título no prazo final. E acabou não disputando nada. O PT preferiu perder com Mercadante a ganhar com o sobralense. Deu Alkimin (PSDB), em São Paulo, e Dilma elegeu-se presidente.

Ciro foi abatido na sua primeira real tentativa de alçar voo rumo ao Planalto. A segunda morte de Ciro foi quando tava preso o babaca. Alice Gomes sonhou que chegara a hora de ser recompensado por seu sacrifício de 2010. Assim como o PSB abriu mão da candidatura, a retribuição deveria vir com Ciro na cabeça da chapa, e Haddad na vice. Encarcerado, Lula preferiu perder com o ex-prefeito paulista a ganhar com Ciro Gomes. Deu Bolsonaro.

Lula é um exímio político. Exterminador de estrelas, não resta uma de toda a constelação petista. Quando não foram para a prisão, ficaram relegadas ao ostracismo, à irrelevância. Se devora os seus, não teria piedade com os adversários ou aliados que lhe possam fazer sombra. Imaginou que Ciro presidente, Lula continuaria preso, e o PT se acabaria.

Ciro repetiu no estadual a tática lulista. Preferiu perder com Roberto Cláudio a ganhar com Elmano. Cid Gomes pensou diferente. Ciro, estratégico; Cid, tático. Por causa disso, essa novela mexicana a que estamos assistindo seus capítulos dia a dia.

Vou profetizar. Cid, depois de um tempo, encontra-se com Lula para agradecer a gentileza e declinar do convite, pois a decisão coletiva se baseou na realidade do Ceará, principalmente pelos embates eleitorais nos municípios, onde seu grupo vai enfrentar petistas.

Se Cid Gomes desembarcasse com seu comboio do PT, haveria imediato desequilíbrio. Chegaria com 10 deputados estaduais, dois a mais que os oito petista. Cinco deputados federais, dois a mais que os três do PT. Os problemas poderiam ser maiores que os atuais verificados no PDT.

Depois que Cid disse que não se arrepende da frase babaca sobre a prisão, está claro que o 13 não será seu número da sorte. O PT teme a elefantíase que o grupo provocaria. E Cid teme um elefanticídio, como a causada na extinção de mamutes. Além do mais, sabe-se que Lula é rancoroso e tem memória de elefante.


Assista ao comentário, um recorte do Café com Cléver, programa veiculado nas rádios:
Paraíso FM (Sobral)
Pioneira AM (Forquilha)
FM Cultura (Aracatiaçu)
Brisa FM (Tianguá)
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Luciano Cléver

Luciano Cléver

Jornalista formado pela UFC, em 1988, coordenou o núcleo de comunicação da Caixa por 18 anos, trabalhou como repórter na Gazeta Mercantil, no Diário do Nordeste como secretário de redação, editor do jornal Expresso do Norte (Sobral), foi editor do portal do Sistema Paraíso. Está à frente do programa de rádio Café com Cléver, veiculado na rádio Paraíso FM (Sobral). E nas redes sociais (Youtube.com/@cafecomclever). É comentarista na TV União. Cristão, apaixonado por cinema, vinho e xadrez.

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