Artigo – Carrinhos virtuais cheios e o drama das memórias sem espaço

Em meio ao processo de alucinação digital que envolve nossas vidas cotidianas, um cenário peculiar se desenha: o cliente consumidor, outrora rei dos corredores de supermercados, agora refém dos aplicativos de lojas e supermercados. Uma metamorfose que transformou a experiência de fazer compras em algo tão eficiente quanto complicado. Através dos smartphones, passeamos por meio de ícones atrativos e somos recebidos por carrinhos virtuais prontos para serem preenchidos com nossa lista de compras, que geralmente ficam no topo da tela ou no rodapé. Parece fácil, não é mesmo?

Mas, o que acontece com os clientes que não foram inseridos neste mundo digital? Muitos ainda são excluídos desse cenário e perdem ofertas exclusivas para clientes que baixam o aplicativo – uma espécie de recompensa. Para eles, a experiência de comprar permanece presa aos corredores de um supermercado real, ou mesmo na “bodega” do bairro, onde podem tocar, cheirar e escolher cada item com cuidado. Enquanto alguns desfrutam da comodidade das prateleiras eletrônicas, outros se encontram perdidos em meio a papéis, tentando encontrar a última oferta em meio a uma pilha de panfletos distribuídos nas ruas mais movimentadas das grandes cidades.

Existem barreiras tecnológicas mesmo para aqueles que tentam fazer parte do ciberespaço. Memórias de smartphones abarrotadas, limitação nos planos de dados ofertados por operadoras de telefonia e aplicativos que exigem atualizações constantes. Para essas pessoas, o dilema não é apenas escolher o melhor produto, mas também decidir qual aplicativo merece espaço em seu dispositivo.Faça suas apostas! Em um mundo que valoriza a eficiência digital, é fácil esquecer aqueles que ainda preferem as compras tradicionais. Esquecem que a memória do celular está cheia não apenas de aplicativos de compras, mas também registros reais: fotos da família, encontros com amigos, viagens, etc.

Talvez seja hora de descobrir um equilíbrio entre o virtual e o real. Talvez seja hora de reconhecer que a experiência de compra vai além de um clique em um aplicativo. A compra deve envolver interações humanas, trocas de histórias entre corredores, conselhos sobre produtos, oportunidades de ofertas e a sensação de escolher com as próprias mãos e chegar em casa com a mercadoria na sacola sem ter que esperar a entrega feita por uma transportadora.

Contudo, enquanto nos rendemos à conveniência dos aplicativos, lembremo-nos daqueles que ainda preferem as experiências reais. Talvez possamos redescobrir a riqueza das interações humanas e encontrar um caminho para um mundo onde todos, independentemente da preferência digital/real, possam desfrutar da alegria simples de fazer compras com descontos sem ter que baixar o aplicativo do estabelecimento comercial.

Jefferson Abreu é jornalista especialista em Assessoria de Comunicação e mestrando em Direção e Estratégia de Marketing

Nicolau Araújo

Nicolau Araújo

Nicolau Araújo é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Marketing Político e com passagens pelo O POVO, DN e O Globo, além de assessorias no Senado, Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, coordenador na Prefeitura de Maracanaú, coordenador na Câmara Municipal de Fortaleza e consultorias parlamentares. Também acumula títulos no xadrez estudantil, universitário e estadual de Rápido.

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