Artigo – Lula não enfrenta a nossa guerra

Lula é um cachaceiro. Ao revelar essa verdade numa reportagem, o jornalista americano Larry Rother, então correspondente no Brasil do jornal The New York Times, teve o seu visto cancelado. Era 2004, início do primeiro mandato de Lula, que ficou ressabiado com o texto jornalístico. Diante da forte reação, da imprensa e de juristas, Lula voltou atrás e cancelou o ato que foi considerado antidemocrático, um atentado à liberdade de expressão.

Lula jamais se incomodou com a fama de biriteiro, que chega ser glamourizada no Brasil. No entanto, a preocupação com a imagem do presidente no exterior fez com que o Ministério da Justiça considerasse “inconveniente a presença em território nacional” do jornalista. A portaria, assinada pelo ministro interino, foi cancelada uma semana depois pelo titular Márcio Tomaz Bastos, que convenceu Lula. Seria pior para sua imagem a fama de autoritário. Melhor tomar uma e esquecer o incidente.

De lá para cá, entre umas e outras, o assunto foi deixado de lado, mas o álcool não sai da cabeça presidencial. A quantidade de gafes denota falta de sobriedade, mas a comunicação de Lula e suas analogias alcoólicas revelam uma dicção inebriada. Luiz Inácio repete a expressão “uma cervejinha” para cada situação complexa. Para além do discurso simplório, com uma solução simplista para problemas complexos, trata a bebida alcoólica de forma carinhosa: cervejinha.

Quando trata de questões geopolíticas, seja na recente guerra no leste europeu, seja no ancestral conflito árabe-israelense, propõe-se a uma solução numa mesa de bar, tomando cerveja. No último apelo pela paz no Oriente Médio, comparou a situação a uma briga doméstica entre marido e mulher. Apelou na dramaticidade dos gritos, para uma plateia pronta para aplaudir: “Parem, parem! Sentem à mesa para conversar”.

Enquanto curte a ressaca do fiasco do Brasil na presidência do Conselho de Segurança, quando o choque de realidade lhe roubou a fantasia do conciliador internacional (quem sabe, sonha com o Nobel da Paz), Lula se volta agora para a guerra interna, com facções e milícias, que ocorre debaixo de sua barba, da qual fugia como o diabo da cruz.

O governo decretou, enfim, uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem), nesta quarta-feira(1/11), para as forças armadas atuarem de forma restrita nos portos e aeroportos do Rio de Janeiro e São Paulo. Assim como se preocupava com sua imagem, que poderia ser abalada pela reportagem no jornal americano, assim é agora. O governo vem caindo nos índices popularidade. Alvejado nas pesquisas pela criminalidade, o governo corre para apagar a fogueira que incinerou 35 ônibus no Rio e se alastrou metaforicamente pelo Planalto.

Há quase inatividade do governo na área de Segurança, em que o titular do ministério que trata do assunto se mostra inapetente para o cargo. Flávio Dino demonstrou que não tem um plano para proteger o cidadão. Trata de blindar o chefe. Faria melhor se atuasse efetivamente, em vez abrir fogo cerrado com muito blábláblá debochado para atingir os adversários políticos.

Se o governo não age no combate à criminalidade, o discurso ajuda a empoderar os bandidos. A esquerda tem uma relação quase romântica com a bandidagem, vítima da sociedade. Só estão à margem da lei por falta de oportunidade. Depois de uma socióloga petista dizer que entende a lógica do assalto, também não ajuda Lula chamar de garotos os assaltantes que tomam celular e até matam nesta operação. “Querem só tomar uma cervejinha”. De novo, o discurso inebriante.

A crise da segurança se avoluma, e as estatísticas mostram que a situação é pior nos estados governados por progressistas. A Bahia é o maior exemplo. Governada há mais de 17 anos por petistas, ininterruptamente, é berço de facões em contínua guerra aberta, e crescente número de homicídios.

Imagino como foi duro para Lula o decreto para usar as Forças Armadas Não faz uma semana, ele afirmara: para “Enquanto eu for presidente, não tem GLO”. O problema é o discurso. Logo depois da ação de milicianos no Rio, confrontando o poder do Estado, foi sugerido a Lula uma medida de força, e ele refutou: “Não quero as Forças Armadas na favela brigando com bandido”.

O discurso é uma ferramenta poderosa, e é inevitável a comparação com o governo anterior, que bradava contra a bandidagem. Enquanto o governo anterior se esmerava no combate a criminalidade, o de agora tenta entendê-la. Bolsonaro registrou expressiva redução no número de homicídios em seu mandato. Reposicionou a PRF para o enfrentamento ao crime, atuando em conjunto nas operações policiais com apreensões recordes de drogas e armas, atingindo o cerne financeiro do crime organizado.

Vai lá, Lula, tomar uma cervejinha com eles, pedir uma trégua, nesta briga de marido e mulher entre facões e entre estas com os milicianos. Sente-se à mesa com eles. Leve o Dino à tiracolo.. Pode começar na Maré ou no CPX. Crie o programa Mais cerveja, menos crime.

Neste governo, enquanto a economia desmelhora e o arcabouço atinge o calabouço, a insegurança é o ponto mais fraco. A sociedade clama por segurança, tendo a saúde também como um dos alvos de reclamação. Ambas as áreas sofreram corte orçamentária. Preocupa não, haverá aumento na verba publicitária.


Assista ao comentário, um recorte do Café com Cléver, programa veiculado nas rádios:
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Luciano Cléver

Luciano Cléver

Jornalista formado pela UFC, em 1988, coordenou o núcleo de comunicação da Caixa por 18 anos, trabalhou como repórter na Gazeta Mercantil, no Diário do Nordeste como secretário de redação, editor do jornal Expresso do Norte (Sobral), foi editor do portal do Sistema Paraíso. Está à frente do programa de rádio Café com Cléver, veiculado na rádio Paraíso FM (Sobral). E nas redes sociais (Youtube.com/@cafecomclever). É comentarista na TV União. Cristão, apaixonado por cinema, vinho e xadrez.

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