Artigo – Brasil se mostrou um anão diplomático

Há mais de sete décadas, o Brasil brilhou no cenário mundial. Dentre os escombros da II Guerra Mundial, surgia a Organização das Nações Unidas. A ONU sucedeu a até então irrelevante Liga das Nações. Naquele palco, depois de intensas negociações de bastidores Osvaldo Aranha foi protagonista da Partilha, um pacto das nações para garantir uma pátria para os judeus. O território bíblico, que nunca teve uma nação depois da diáspora judaica, dava à luz dois estados. Um para os judeus, outro para os palestinos, os árabes que habitavam a região.

O território já fora dividido entre os próprios hebreus – Judá e Samaria – , que subsistiu até o império romano. Depois de sublevações, quando Jesus deixara há poucos anos o seu corpo terreno, um imperador destrói o templo de Salomão, expulsa os judeus e rebatiza o local como Palestina, a terra dos filisteus, que por ali viveram até a chegada das tribos conduzidas por Moisés, libertas da escravidão do Egito.

O resto é a história recente, berço de conflitos entre dois povos. Enquanto Israel cresceu como estado, o outro povo concentrou energia em tentar dizimar seus inimigos ancestrais, num conflito que se multiplica em escaramuças ou guerras como a que ora se desenrola na Faixa de Gaza.

O momento atual coincide com a presidência do Brasil à frente do Conselho de Segurança, cuja vaga permanente é pleiteada pelo governo brasileiro. Uma oportunidade de ouro se esvaneceu pelos dedos, todos os nove. A altivez de Aranha que deu relevância ao Brasil durante a Partilha contrasta agora com a tibiez de Lula, que hesitou em chamar pelo nome a ação terrorista de Hamas, no ataque covarde de 7 de outubro.

Quando ousou falar que era terrorismo foi para dar uma simetria que não existe à reação israelense, que ele chamou de insana. Insanidade estava no número de mortes que ele imputou a Israel: “milhões “.

Aquele que disse ser possível conseguir tratado de paz no Oriente tomando cerveja entre abstêmios, que poderia resolver a guerra da Rússia com a Ucrânia numa mesa de bar, mostrou que era ineficaz não apenas no discurso simplório. Apresentou um documento na ONU, recheado de senso e lugar comuns, pedindo paz, ajuda humanitária e cessar-fogo. Esqueceu um detalhe simples: o direito à autodefesa de Israel. Os americanos vetaram, claro.

A mídia amiga tentou transformar o fiasco em sucesso. “Todos concordaram, só não os Estados Unidos”. Ora, geralmente é UM veto que impede a aprovação de uma medida. Tanto que, logo depois, foi a Rússia, noutra proposta, a exercer o poder de veto. Cinco países (EUA, Rússia, França, Reino Unido e China) tem esse poder. O Brasil acaba deixar a presidência do órgão sem ter contribuído em nada para a resolução do conflito.

Israel tem sido atacado por árabes e pela maioria de esquerdistas mundo afora como um estado colonizador, que oprime os palestinos, tanto da Faixa de Gaza quanto da Cisjordânia. Todos cobram diminuição do cerco e abertura de corredor humanitário. Incrível é ninguém cobrar, o Brasil é uma das omissões, do Egito, país árabe que faz fronteira com Gaza e se recusa a receber refugiados, seus irmãos de fé. Temem que o Hamas possa ocupar suas terras.

Não é fácil, mas foi Lula quem apresentou a ingenuidade, se não petulância, de que seria capaz de solucionar o impasse, com suas habilidades de negociador angariada num tempo que ele já nem rememora, quando sindicalista. Se o Brasil lutava para conseguir uma vaga no Conselho de Segurança pode tirar o cavalinho de Tróia da chuva. Ficou num patamar mais baixo do que o do governo anterior a quem chamava de anão diplomático.

Assista ao comentário, um recorte do Café com Cléver, programa veiculado nas rádios:
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Luciano Cléver

Luciano Cléver

Jornalista formado pela UFC, em 1988, coordenou o núcleo de comunicação da Caixa por 18 anos, trabalhou como repórter na Gazeta Mercantil, no Diário do Nordeste como secretário de redação, editor do jornal Expresso do Norte (Sobral), foi editor do portal do Sistema Paraíso. Está à frente do programa de rádio Café com Cléver, veiculado na rádio Paraíso FM (Sobral). E nas redes sociais (Youtube.com/@cafecomclever). É comentarista na TV União. Cristão, apaixonado por cinema, vinho e xadrez.

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