Gonçalves, relator no TSE de ações que objetivam a inelegibilidade de Bolsonaro, elencou o patriotismo, a demonstração ostensiva de poder militar e a defesa da liberdade como “símbolos potentes” da campanha do ex-presidente para votar pela inelegibilidade do capitão.
A ação impetrada pelo PDT alega abuso do poder político pelo uso de bens públicos na campanha. O ministro cearense Raul Araújo divergiu do relator, ao lembrar que havia o palanque público em que o presidente da República comemorava a independência do Brasil e o outro de campanha do candidato.
Com o estatuto da reeleição, a lei não é muito clara em relação aos atos de governo do gestor, que pleiteia reeleição enquanto no cargo. Pelo rigor de Benedito, o candidato teria que deixar de governar, pois qualquer ato de governo pode se confundir com os de campanha. Mas a Bené, foi-lhe confiada uma missão.
Os fortes símbolos citados por Gonçalves são a demonstração da fragilidade dos argumentos do relator, principalmente com o evento em tela. Patriotismo é o sentimento que costuma aflorar com mais visibilidade em dois grandes eventos: um anual, o Dia Independência. Outro, de quatro em quatro a anos, a Copa do Mundo. Era assim até a chegada de Bolsonaro ao poder, quando as cores verde e amarelo tomaram conta das manifestações. Antes, imperava a vermelhidão. Portanto, era legítimo enaltecer o patriotismo tanto no palanque do governo como no trio elétrico da campanha.
O mais ridículo na lista de Bené é o que ele chamou de “demonstração ostensiva do poder militar”. Ora, ora, ora. Isso é o que fazem todas as nações durante os festejos de independência, sejam democráticos ou não, todos fazem questão de desfilar seu poderio militar. Seja para se gabar diante das demais nações, seja para elevar autoestima do povo. O relator deu demonstração ostensiva de impotência argumentativa.
Por fim, a defesa da liberdade. O relator entendeu que o discurso em defesa da liberdade não poderia estar nos dois palanques. Deveria pugnar pelo inverso : a defesa da liberdade deve ser feita por todos, o tempo todo e em todo lugar. Nesse diapasão, surpreendeu-me sobremaneira o ministro relator não ter incluído o hino nacional e bandeira entre os potentes símbolos do bolsonarismo. Termino com as aspas do Bené. “O objetivo não precisou ser explicitamente anunciado, já que foi anunciado por símbolos potentes: patriotismo, demonstração ostensiva de poder militar, defesa da liberdade.”
Tem mais, Benedito citou a orla de Copabacana como reduto de bolsonaristas, o que é uma enormidade. Se citasse, O Amarelinho, bar do centro boêmio carioca, como escritório dos esquerdistas, vá lá. Querer demarcar território das praias do Rio é pura fantasia, uma alegoria de carnaval. Vai ver, o Leblon pertence aos progressistas. Quero ver o Bené na ala das baianas.
Note que não era um “7 de Setembro” qualquer. Era uma data fechada, o bicentenário da independência.
Assista ao comentário, um recorte do Café com Cléver, programa veiculado nas rádios:
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