O presidente Lula popularizou o termo “a jararaca está viva” em uma entrevista quando recuperou seus direitos políticos. “Se queriam matar a jararaca, bateram no rabo. A jararaca está viva”.
Essa metáfora pode servir para ilustrar o bolsonarismo, principalmente após Bolsonaro ser absolvido pelo TSE em primeira ação sobre abuso de poder político. Além disso, o tempo provou que a CPMI do oito de janeiro era uma massa pronta de pizza.
Na tentativa de manter os crimes de Bolsonaro fora da mídia, bolsonaristas usavam a guerra entre Ucrânia e Rússia para divulgar fake news, mas o conflito entre Gaza e Israel é um ‘prato’ muito mais atrativo que atinge diretamente as pautas ideológicas, religiosas e de costumes.
Não só os crimes de Bolsonaro surfam na marola do diversionismo, deputados como Zambelli, Nicolas e Gayer, que disseminam notícias falsas, como por exemplo a ligação entre o PT e o Hamas, são investigados e indiciados por atos de racismo, golpismo e corrupção.
Enquanto a imprensa distrai a população explicando como funciona o Domo de Ferro, sistema de defesa antimísseis de Israel; satura sua programação com um elenco de ‘especialistas’ de ocasião, a boiada vai passando ilesa.
Até o senador Sérgio Moro, que estava com a cabeça na guilhotina, percebeu a oportunidade e atacou Lula, dizendo que o Brasil não tem relevância internacional suficiente para fazer qualquer diferença na guerra no Oriente Médio.
Para se ter uma proporção de quão viva está a jararaca, o top da subversão ideológica hoje, é a polêmica entre KitKat e Bis, em detrimento da delação de Mauro Cid, das mensagens nos celulares-bomba de Wassef e Silvinei, e da minuta golpista.
A tendência é que a jararaca bolsonarista continue com a cabeça ilesa, sem ferimentos, o que é muito perigoso para a democracia, esta sim, quebrantada, com as feridas abertas e abandonada em um leito no corredor.
Ricardo Mezavila é escritor e pós-graduado em Ciência Política